"Da resposta - continuação" E a gente adejou, fez um gol, muito rock n`roll, eu rebolei... e... ela sentou... respirou... e num suspiro trouxe os elefantõezões pesando no olhar... e ainda deve ter trazido um quilo de quiabo pra temeperar a amargura... Como minha Jenninha já não é tão gente grande, ela advinhou ligeira minha curiosidade e disse (quase cantando com aquela voz das fadas):
-Minha coisa gorda fofa, num olha assim... eu te conto... se o Roberto Carlos pode falar com planta porque que eu não posso falar com ursinhos? (Só não gostei do plural) Então, mas bem baixinho... pra ninguém ouvir... É o montro do Amor... Será que ursinhos lá sabem de amor?
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-O homem da minha é meu professor de teatro! Uma ternura! Um encanto! Tem o céu nos olhos! Ai... E eu sou idiota! E disse que amava ele loucamente! Eu contei tudo! Ele, tão doce, sorriu... Um sorriso surpreso... Não disse nada... Me abraçou... Partiu... Na aula de ontem decidiu que ia abandonar as aulas de teatro... Eu sabia que a culpa era minha! Toda minha! Eu fodi um grupo inteiro de teatro, meu fofo... Um grupo inteiro! E me fodi à décima potência! Como vou encontrar ele de novo? Como vou me encontrar de novo sem ele, se me perdi nele... Se só ele tem o céu... Se eu me perdi no céu... Se é só no céu que tem anjos, nuvens de algodão, de algodão doce... Se é só no céu que a gente pode ser feliz...
Naquelas palavrinhas decoradas matematicamente eu senti as areiazinhas ferventes que minha Jenninha pisava no deserto... E elas doíam, eram ásperas... íngremes... Quando eu percebi, eu estava com ela... O Sol brilhava toda culpa que ela sentia... E queimava sua pele branquinha... Sol mais forte que no Rio... E eu e meus irmãozinhos viemos do Rio... Eu queria fazer sombra, mas era tão baixinho... Nem adiantava comer banana, não crescia...
-É sempre assim, Gursinho, dou um passo pra frente e dois pra trás! Soluçando.
Eu queria dizer que aprendi na TV (gosto muito de TV!) que o mundo é uma Roda Gigante. É gingante e é redondo! E gira que gira! Então, dois passos pra trás também devem ser pra frente! Qual é a diferença? E que o mundo era que nem os olhinhos dela! E que o Gursinho preferia o caramelo ao céu... Porque caramelo enche a barriguinha...
Eu não consegui dizer com palavras, óbvio, mas disse com os olhos. E a Jenninha até que entendeu, forçou um sorrisinho só pra me dizer que tinha entendido... Tão ultra-hiper-pluri-super-mega-power-tudo! E eu vi que o que a gente diz com os olhos a gente diz mais alto do que quando diz com palavras, mesmo se for berrando que nem o despertador... E vi que eu falo mais alto que o despertador! E encostei na felicidade. Mas era miragem.